Hierarquia de Geossistemas (Parte 4): Continentes, Subcontinentes e Países Físico-Geográficos

As paisagens terresteres são formadas principalmente pela interação de fatores climáticos e geológico-geomorfológicos. Como temos visto nessa série sobre a Hierarquia dos Geossistemas, podemos distinguir as paisagens simplesmente com base nos seus aspectos zonais (climas, biomas, etc.), como na classificação dos Cinturões Naturais, Zonas e Subzonas em sentido geral (lato sensu). De outro modo, também é possível distinguir a paisagem a partir de aspectos geológico-geomorfológicos, influenciados pela tectônica e os processos geomorfológicos regionais (denudação, agradação).

Num dos principais modelos russo-soviéticos para diferenciação de geossistemas regionais, A.G. Isachenko (1973, 1991) distingue as seguintes unidades azonais: continentes, subcontinentes, países físico-geográficos, domínios e subdomínios físico-geográficos.

Os continentes correspondem às partes emersas do globo e são bem conhecidos de qualquer um que já estudou um pouco de geografia. Num sentido físico-geográfico, podemos distinguir seis: África, América do Norte, América do Sul, Eurásia, Oceania e Antártica e contrastam com os oceanos: Ártico, Antártico, Atlântico, Índico e Pacífico. Os subcontinentes incluem grandes divisões continentais. Isachenko (1991. p.295) destaca para a Eurásia os seguintes: Europa, Ásia Setentrional, Ásia Oriental, Ásia Central, Sudoeste Asiático e o Sudeste Asiático (ISACHENKO, 1991).

Os países físico-geográficos correspondem à porções de um continente com a mesma tendência predominante dos movimentos neotectônicos (ISACHENKO, 1991). No Brasil, destacamos os dois brasis morfotectônicos de Saadi et al. (2005), separados pelo lineamento transbrasiliano (Fig. 1):
  • Brasil Amazônico: releveo geralmente inferior a 500m e tendência a apresentar uma morfologia plana a suavemente ondulada;
  • Brasil Extra-Amazônico: relevo com altitudes que geralmente superam os 500m, com tendência a apresentar um modelado bastante movimentado.

Figura 1. Dois Brasis Morfotectônicos.
Fonte: ETOPO1 com modificações.

Essa diferenciação se aproxima da classificação do relevo brasileiro de Aroldo de Azevedo (1949), que define o Planalto Brasileiro e a Planície Amazônica, destacando também a Planície do Pantanal e o Planalto das Guianas.
Contudo, os países físico-geográficos ainda podem ser subdivididos em unidades menores, denominadas domínios e subdomínios. Mas este será o tema da nossa próxima postagem.

Referências
AZEVEDO, A. O Planalto Brasileiro e o problema de classificação de suas formas de relevo. Boletim Paulista de Geografia, n.2 1949. p.42-53.

CAVALCANTI, L. C. S. Geossistemas do Estado de Alagoas: uma contribuição aos estudos da natureza em geografia. Dissertação (Mestrado em Geografia). Recife: UFPE. 2010. 132p.

ISACHENKO, A.G. Ciência da Paisagem e Regionalização Físico-Geográfica. Moscou: Vyshaya Shkola. 1991. 370p. Em russo.

ISACHENKO, A.G. Principles of Landscape Science and Physical Geographic Regionalization. Melbourne: MUP. 1973. 311p.


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